terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Tudo foi pouco


Cruzo os braços sobre a mesa, ponho a cabeça sobre os braços,
Quero chorar, mas não sei ir buscar as lágrimas...
Por mais que me esforce por ter uma grande pena de mim, não choro,
Tenho a alma dividida sobre os céus e as trevas, que há de ser de mim?

Vi todas as coisas, e maravilhei-me de tudo,
Mas tudo sobrou ou foi pouco.
Vivi todas as emoções, todos os pensamentos, todos os gestos,
E fiquei tão triste como se tivesse querido vivê-los e não conseguisse.
Amei e odiei minha vida, fiz e re-fiz meus planos, meus passos.
Mas para os outros isso era o necessario,  para mim foi sempre a exceção, o choque, a válvula, o escape.

Eu quero ser sempre aquilo com quem simpatizo,
Eu me torno sempre, mais tarde ou mais cedo,
Aquilo com quem simpatizo, seja uma pedra ou uma ânsia,
Seja uma flor ou uma idéia abstrata,
Seja uma multidão ou um modo de compreender Deus.
E eu simpatizo com tudo, vivo de tudo um pouco.

Como sou rei absoluto na minha simpatia,
Basta que ela exista para que tenha razão de ser.
Estreito ao meu peito arranhado pelos teus seios, num abraço comovido.

Foram dados na minha boca os beijos de todos os encontros, acenaram no meu coração os lenços de todas as partidas.
Derramaram no meu pranto a saudade de todos os momentos.